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domingo, 30 de maio de 2010

Flor de Lótus


Os seres vivos, em geral, lutam para estar bem. Todos gostam de estar numa zona de conforto, porém os únicos que vêm com um dispositivo a mais para encontrar essa paz, essa serenidade, ou seja, esse conforto neles mesmos é o ser humano, já as outras espécies precisam que a natureza propicie esse bem estar.

O termo Yoga, oriundo do sânscrito yuj, significa unir, juntar, jungir... juntar exatamente o que? De uma forma mais ampla, é a junção do ser individual ao ser cósmico. Podemos também apreciar esse jungir de outra forma: quando conseguimos a coerência dos nossos pensamentos, emoções, palavras e ações atingimos uma integração do nosso ser. Há uma palavra em sânscrito que resume essa coerência, arjavan (retidão). O Yoga é um dos grandes caminhos que nos leva ao reto agir, proclamado em arjavan. Esse reto agir, essa conformidade dos nossos corpos físico, energético, mental e espiritual, nos leva a um estado de calmaria nas nossas mentes, não há mais distorção do nosso ser, há sim a revelação de sua magnitude, sua verdade. Para caminhar sob a luz de arjavan, é necessário estar consciente dos seus atos (mais uma definição de Yoga, ou seja, consciência na ação), para que eles sejam um reflexo da expressão da sua mente (pensamento, emoções).

Com os sentidos voltados para esse alinhamento, vamos burilando nosso buddhi (intelecto), percebendo que acima do nosso limitado eu (ego), existe um observador que não se envolve no jogo das dualidades, no seu distanciamento, apenas tudo vê. Quando trazemos esse observador para o nosso dia-a-dia, criamos um estado no nosso ser de apreciação do todo, do conjunto das manifestações do Absoluto. Desenvolvendo, assim, um profundo contentamento (santocha) e reconhecimento do estado de Yoga (união).

A alegoria da flor de lótus é um exemplo dessa busca, com suas raízes imersas no lodo, representando nossa identificação no jogo das dualidades, e suas pétalas, que se abrem além da superfície, dirigindo-se para luz, simbolizam nossa mente na apreciação do Uno.

Fonte:http://www.flordelotus.pro.br/cat/show_cat.php?id=8

sábado, 8 de maio de 2010

Um Avanço para a Inclusão Terapêutica

O professor João Tadeu de Andrade destaca a importância da regulamentação do SUS de métodos terapêuticos como acupuntura, homeopatia, fitoterapia e termalismo. E comenta que ainda é preciso ampliar essa política de inclusão terapêutica

Jornal O POVO

Cf. a Portaria 971 de 3 de maio de 2006, do Ministério da Saúde




Doutor em Antropologia,

Professor da Universidade Estadual do Ceará – UECE,

vinculado ao Mestrado em Políticas Públicas e Sociedade

e ao Mestrado em Saúde Pública.

jtadeu@uece.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

Ciência & Saúde, Jornal O Povo, em 29/04/2007

Práticas integrativas e complementares em saúde constituem denominação recente do Ministério da Saúde para a medicina complementar, em suas ricas aplicações no Brasil. Este campo de saberes e cuidados em saúde desenha um quadro extremamente complexo, múltiplo e sincrético articulando um número crescente de práticas diagnóstico/terapêuticas, tais como terapia nutricional, massoterapia e radiestesia, dentre diversas opções.

No Brasil, se tem um grande acervo de práticas de saúde tradicionais e estrangeiras, dentro do que podemos chamar campo “alternativo” de saúde. Ao longo dos anos um conjunto de medidas, tanto do governo como de associações profissionais, tem procurado responder às transformações desta área, por meio da criação de normas, agências e procedimentos investigativos. O Conselho Federal de Medicina, a Associação Brasileira de Medicina Complementar, o Ministério da Saúde estão entre aquelas instituições que acompanham e avaliam o uso das práticas integrativas de saúde, incluindo também instituições acadêmicas.

Em 2006, o Ministério da Saúde deu um passo decisivo com relação a estas modalidades médicas, através da implantação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC no SUS (Portaria 971 de 03/05/2006). Essa medida visa estimular ações e serviços relativos a estas práticas em um dos maiores sistemas de saúde pública da atualidade. Como condição prévia para preparo desta política nacional, o Ministério da Saúde realizou levantamento em 2004, identificando práticas integrativas em 26 estados brasileiros, num total de 19 capitais e 232 municípios. Este dado confirma a densidade destas práticas de saúde e reforça a necessidade de uma atenção ampla por parte do Estado. Por conseguinte, tal decisão recente do Ministério comporta alguns desdobramentos a serem considerados.

Determinados princípios são levados em conta para a implantação desta política de saúde. Um deles vem a ser a “visão ampliada do processo saúde/doença e a promoção global do cuidado humano”. Outro critério importante diz respeito a “estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras”. O documento destaca ainda “o desenvolvimento do vínculo terapêutico e a integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade”.

O princípio da visão ampliada da doença e da saúde se alinha às indicações de diversos estudos (e da própria OMS) que vêm tratando do tema. Tal visão procura cobrir dimensões diversas, considerando a experiência individual e coletiva das enfermidades, da cura e da saúde, levando-se em conta sua inevitável complexidade.

O reconhecimento dos mecanismos naturais para o cuidado da saúde confirma práticas sedimentadas na tradição local; o exemplo mais difundido é o uso de plantas medicinais, de diversas finalidades terapêuticas, como igualmente recursos provenientes de animais e substâncias do reino mineral. Cabe lembrar também a adoção de tecnologias leves, de caráter preventivo e curativo, tais como dietas alimentares, massagens, orações de descarrego, jejuns e exercícios meditativos, entre diversas práticas disseminadas no Brasil contemporâneo.

Ao incluir a medicina complementar no SUS, a PNPIC reconhece e legitima o que a população brasileira já vem aplicando em seu cotidiano de sofrimento e de desafios por qualidade de vida e bem-estar. Ao regulamentar o uso da acupuntura, homeopatia, fitoterapia e termalismo, o Ministério contempla métodos já consagrados de cuidados de saúde. Todavia, outros métodos terapêuticos não são considerados, tais como yoga, reflexologia, terapia floral, tai chi chuan, iridologia, dentre outros, reconhecidos pela biomedicina em alguns países. Caberia então aprofundar uma “política de inclusão terapêutica”, tendo em vista a riqueza de nosso pluralismo médico, de modo a fortalecer a complementariedade em detrimento da exclusão, favorecendo a variedade de opções de cuidados para a população.

João Tadeu de Andrade

O QUE É MENTE?

Qualquer organismo vivo é um complexo gerador de energia química, térmica, sonora, elétrica, magnética e luminosa, sem contar com as gigantescas energias quânticas presentes em cada um dos cerca de 1089 átomos que nos constituem. As reações químicas geram luz. O fluxo iônico gera a eletricidade e o fluxo elétrico gera o magnetismo. Cada molécula, na realidade, é um pacote energético que carrega alguma forma de informação. Para a ciência, o homem é um Ser quântico-molecular que se organiza em sistemas especializados e totalmente interligados em rede.

Tendemos a achar que é em nosso cérebro que ocorre a formação do fenômeno da consciência devido à sua atividade elétrica (0-100Hz) e magnética (10 mil fentostelas), mas hoje se sabe que o coração gera muito mais atividade elétrica (250Hz) e magnética (50 mil Fentostelas). Pensamos que o cérebro é o nosso centro de comando devido ao fato de centralizar uma grande quantidade de neurônios, mas esquecemos que o nosso aparelho digestivo possui um sistema nervoso próprio, que funciona totalmente independente do Sistema Nervoso Central (SNC), embora influenciado por ele.

Podemos até pensar que o cérebro é a sede de nosso Ser devido à imensa quantidade de sinapses produtoras de neuropeptídeos que abriga, mas sabe-se hoje, por exemplo, que ele é totalmente interdependente do aparelho digestivo, através do denominado eixo cérebro-intestinal, onde o aparelho digestivo é o responsável pela síntese de cerca de 90% da serotonina do organismo, um grande produtor de hormônio do crescimento e de acetilcolina (memória e pensamento), sendo considerado a maior glândula endócrina do organismo pela sua produção de dezenas de neurotransmissores intrínsecos. As alterações hormonais do aparelho digestivo o implicam em diversas alterações inusitadas como: obesidade, alterações do humor, anorexia, enxaqueca, psicoses, e até alterações na imunidade, como nas doenças de auto-agressão.

Hoje em dia, a visão de um sistema hierarquizado e linear cartesiano, que sugeria um comando cerebral supremo e central, alterou-se para um sistema em rede composto de pontos nodais de comando em que o cérebro é apenas mais um ponto nodal nessa rede de informações. Hoje já sabemos da existência de uma memória imunológica, uma memória cardíaca, uma memória renal e até uma memória muscular, configurando a existência da memória a nível celular e não mais orgânico-sistêmico. Todo fluxo energético (molecular, químico, eletromagnético, etc.) é um fluxo informacional (tudo é informação), e esse fluxo informacional (nossa mente) ocorre em todo o corpo, SIMULTANEAMENTE independente de tempo e espaço (como no mundo quântico).

Até a década de 1.960 se considerava o cérebro como o centro de comando corporal devido ao seu funcionamento de comando de base elétrica: o cérebro elétrico. Com base nisso, pensamentos e sentimentos seriam produtos da atividade elétrica neural, sendo o cérebro o comandante supremo. Então, com o advento da emergente ciência da neurofarmacologia, pesquisas revelaram que a comunicação interneuronal se faz principalmente através da descarga sináptica de substâncias químicas, que foram chamadas então de neurotransmissores, determinando que a comunicação elétrica é apenas cerca de 2% daquela comunicação.

Somente no córtex cerebral existe uma quantidade de cerca 15 a 20 bilhões de neurônios, cada um fazendo, em média, 60 mil sinapses. A maior parte da atividade neuronal cerebral (cerca de 98%) se faz através dessa rede sináptica (utilizando neurotransmissores como a acetilcolina, noradrenalina, dopamina, histamina, glicina, GABA e serotonina), sendo ela a responsável por nosso intelecto consciente e por nossa autoconsciência subjetiva. Uma segunda categoria de transmissores é composta dos esteróides (que incluem os hormônios sexuais e o cortisol).

A partir de 1.972, com as pesquisas pioneiras de Candace Pert Ph.D, surgiu o conceito de cérebro químico e de neuropeptídeos: substâncias químicas compostas de cadeias moleculares muito menores do que as dos neurotransmissores clássicos. Mas a década de 1.980 presenciou a descoberta da rede de informações do sistema imunológico, da mudança de conceito dos neuropeptídeos, que passaram a se chamar simplesmente de peptídeos, por não agirem somente no circuito neuronal, e da introdução, em 1.984 por Francis Schmitt (do Instituto Tecnológico de Massachussets – MIT), do termo “substâncias informativas”: as “moléculas da informação”. Descobriu-se que o sistema imune se comunica com o cérebro (incluindo o nosso cérebro emocional – sistema límbico) via “imunopeptídeos” e que recebe informações dele via neuropeptídeos, configurando um mecanismo de intercomunicação englobando também o sistema endócrino.

Hoje, a psiconeuroimunologia estuda a íntima intercomunicação e repasse de informações entre seis sistemas informacionais principais (o cérebro químico e os sistemas endócrino, imunológico, intestinal, cardíaco e tegumentar – pontos nodais dessa rede de informações). Cada um conta com uma produção própria de peptídeos circulando através do espaço extracelular, sangue, linfa e líquor. Considera-se que os peptídeos (como as endorfinas, encefalinas, somatostatina, gastrina, secretina, grelina, neuropeptídeo Y, leptina, etc.) constituem cerca de 95% de todas as substâncias informacionais, que funcionam em rede, numa escala de tempo e espaço muito mais ampla do que a do cérebro elétrico.

A fisiologia dos peptídeos anda junto com a fisiologia dos receptores (que também são proteínas), sendo essas moléculas muito maiores do que aquelas primeiras. Já foram identificados cerca de 70 tipos diferentes de receptores, situados aos milhões por toda a extensão da membrana celular de todas as cerca de 75 trilhões de células de nosso corpo. São nossos órgãos dos sentidos a nível celular e sua estrutura molecular (cerca de 2,5 mil vezes mais pesada que a molécula da água) funciona como uma fechadura onde somente determinados peptídeos podem se acoplar, como num binômio chave-fechadura.

Como toda molécula, peptídeos e receptores apresentam determinados padrões vibratórios. Quando os peptídeos se chocam com os seus respectivos receptores (encaixando-se e soltando-se algumas vezes), esses mudam suas propriedades moleculares mudando, conseqüentemente, seus padrões vibratórios e suas próprias formas tridimensionais, e é essa mudança de conformação (em duas ou três conformações principais) que transfere a informação para o interior da célula ocasionando uma cascata de eventos com profundas mudanças no meio intercelular (abertura ou fechamento de canais iônicos, mudanças energéticas de produção ou gasto de fosfatos, etc.), podendo afetar até o próprio núcleo da célula (tomando decisões acerca da divisão celular ou síntese protéica). Uma fantástica sinfonia vibratória está ocorrendo ininterruptamente em todas as células de nosso corpo.

Mais fantástico ainda é o fato de que os peptídeos são produzidos por todo o corpo, ligando-se e desligando-se de seus receptores, de forma sincrônica e simultânea. Não é um processo linear de produção, distribuição e ligação a receptores distantes, mas um processo simultâneo em rede que ocorre totalmente inconsciente em informativas surge simultaneamente em diversos pontos nodais nos diferentes sistemas orgânicos: imune, endócrino, gastrintestinal, nervoso, etc., e não de uma forma hierárquica a partir do SNC. Esses pontos nodais são regiões de grande afluxo de pontos conhecidos como pontos nodais. Sim, comprovadamente o fluxo das substânciasinformações elétricas e químicas sendo influenciados por quase todos os neuropeptídeos, priorizando, ou não, determinadas informações que vão produzir, ou não, determinadas mudanças fisiológicas.

Em nosso sistema nervoso central todos os pontos nodais servem como uma espécie de filtro sensorial, estando presentes em nosso córtex pré-frontal, sistema límbico, tálamo, hipotálamo (relacionado com o nosso processo de aprendizado), tronco cerebral e por toda a extensão da medula espinhal (em seu corno posterior), por onde chegam as informações sensoriais do mundo externo (pelo tato) e do mundo interno (dos nossos órgãos internos). Por exemplo, estímulos nos núcleos pontinos de Barrington, dependendo de qual peptídeo está agindo, podem fazer surgir desejos sensuais ou miccional (com imagens mentais associadas), desde uma forma inconsciente até a de urgência consciente, configurando uma inter-relação multidirecional entre sensações e desejos corporais com emoções e pensamentos conscientes.

Somente 0,0000005% do processamento cerebral é integrado conscientemente. Na verdade, apenas o que atinge nossos centros corticais é o que se torna um pensamento consciente da forma como o percebemos. É o processo de filtragem nodal, que nasce da interação receptor-peptídeo, que diz o que deve se tornar, ou não, uma sensação, sentimento ou emoção consciente. Essa interação receptor-peptídeo depende da quantidade e da qualidade dos receptores nos pontos nodais, que, por sua vez, depende da forma como reagimos às nossas experiências sensoriais cotidianas (alimentação, tato, música, odores, etc.). Como assim!?

Fabricamos peptídeos de acordo com o fluxo informacional que chega nos pontos nodais e esses peptídeos podem produzir toda a enorme variedade de estados emocionais que experimentamos cotidianamente. Há peptídeos para raiva, para tristeza, para desejo, para vitimização, para alegria e bem estar, etc., sintetizados em todo o nosso corpo e, no sistema nervoso central, principalmente em nosso hipotálamo.

Se um determinado grupo de receptores for estimulado por um longo tempo e com grande intensidade, paulatinamente seu número diminuirá, perderão sua sensibilidade e até a sua eficiência, de forma que a mesma quantidade de peptídeo interno vai produzir uma resposta menor. Ou, de uma outra forma, quando essa célula finalmente resolver se dividir, as novas células terão mais receptores para aqueles peptídeos neurais daquela emoção em particular e menos receptores para vitaminas, minerais, nutrientes, troca de fluidos, ou mesmo para a liberação de toxinas.

Em resumo, com o tempo haverá uma necessidade celular bioquímica intrínseca por certos peptídeos (dependência química) que alterará o nosso comportamento para que consigamos fabricar esses determinados peptídeos. Se estivermos dependentes bioquimicamente de raiva, inconscientemente buscaremos provocar situações que nos impulsionem a síntese de peptídeos de raiva, e assim por diante. Criamos hábitos e padrões de conduta para satisfazer nosso vício endógeno emocional, para satisfazer as necessidades bioquímicas das células de nosso corpo.

Na realidade, todos os nossos pensamentos, idéias e sentimentos são construídos de uma forma associativa e interconectados em rede. Por exemplo, associamos o prazer e o bem estar de degustar uma determinada iguaria com o prazer que sentimos advindo de nossos outros sentidos (da companhia que tivemos, das alegrias que sentimos, etc.) no dia que a experimentamos pela primeira vez. Ou seja, todos os nossos conceitos são armazenados nessa vasta rede corporal usando peptídeos como sinais, associando-os com outros eventos que ocorreram simultaneamente ou previamente, recuperando ou reprimindo emoções e padrões comportamentais.

Esses hábitos e condicionamentos, quando repetidos freqüentemente, acarretam uma verdadeira mudança na configuração de nossa rede sináptica neuronal cortical, literalmente reconfigurando o nosso cérebro (um processo conhecido como aprendizagem) com esse padrão de resposta e atitude perante nossos estímulos externos (e internos). As emoções são um importante componente nesse mecanismo de aprendizado. Assim, para muitos neurocientistas, as mudanças bioquímicas que ocorrem ao nível dos receptores são a base molecular de nossa memória, numa rede psicossomática que se estende por todas as nossas células em todo o nosso corpo.

“A decisão acerca do que se torna um pensamento subindo para a consciência e o que permanece um padrão de pensamento ‘não-digerido’ e submerso nas profundezas do corpo é mediada pelos receptores. Eu diria que a memória ser codificada ou armazenada ao nível de receptores, significa que os processos de memória são movidos por emoções e são inconscientes, mas (como outros processos mediados por receptores) podem, às vezes, tornarem-se conscientes... A mente seria o fluxo de informações que se move entre as células, órgãos e sistemas do corpo...”

Candace Pert

Aqui, então, começa a convergência entre a neurociência e as tradições sapienciais, quando passamos a perguntar quem é que está experimentando as sensações e construindo hábitos e condicionamentos. De onde vem essa inteligência que permeia toda essa rede informacional bioquímica e dirige aquilo que conhecemos como corpo e mente? Quem é esse Observador que percebe o mundo e observa suas aparentes diferenças?

Tanto a física quântica quanto a teoria da informação já incluem o Observador em suas equações, como um nível inteligente capaz de introduzir mudanças no sistema, através do influxo de informações. O Observador é o princípio inteligente capaz de reconhecer hábitos, condicionamentos e vícios, e o único capaz de, através do fluxo de novas informações, mudá-los, criando novos hábitos e comportamentos. Da mesma forma que a informação existe além do tempo e do espaço, além da matéria e da energia, o Observador, orientador desse fluxo informacional, também deve habitar além de nossa tridimensionalidade.

Cláudio é médico com especialização em cirurgia geral e laparoscópica, psicoterapeuta, teósofo, tanatólogo, É Terapeuta Clínico do Colégio Internacional dos Terapeutas (CIT) e Presidente do Instituto Cultural Dinâmica Energética do Psiquismo (ICDEP) no Ceará

segunda-feira, 22 de março de 2010

A Diferença entre Concentração e Meditação


Muito se tem escrito e falado sobre Meditação e Concentração e então podemos estabelecer diferentes premissas do processo de Meditar e Concentrar. Ciências como o Yoga, tradições como o Budismo e suas várias vertentes tem ao longo de sua história se situado entre estes dois pontos: Meditar e Concentrar.
Mais recentemente a Ciência tem demonstrado interesse e se dedicado sobre este assunto especialmente no tocante a neurofisiologia no estudo das “infinitas possibilidades dos caminhos neuronais” que surgem quando fazemos mão da Meditação e da Concentração que possibilitam o uso de partes do cérebro até então pouco usadas.
É interessante a visão do Yoga Integral de Sri Aurobindo que coloca diferença entre Meditar e Concentrar. Então temos o que Rolf Gelewski, discípulo de Aurobindo e da “Mãe” Mira Alfassa escreve nas linhas abaixo:

“Concentrar significa centralizar, fazer convergir em um campo, unir em um ponto determinado este ponto passa a ser um lugar de referência para movimentos que se efetuam a seu redor e, desta maneira, a adquirir uma função e poder de orientação; então os movimentos, reagindo a crescente definição e estabilidade do ponto, chegam a se relacionar diretamente com ele, rodeando-o ou convergindo para ele ou se afastando dele, e assim se cria um contexto, uma constelação específica onde o ponto assume a posição de um centro. Todos os movimentos que neste centro convergem trazem para ele e acumulam nele as energias, das quais foram até então, manifestação: transformam-se em potenciais. É por isto que a concentração não significa um estado ou um valor qualquer, mas um estado de intensidade crescida, o valor de uma nova força, um poder – porque é a união de muitas energias em só ponto ou campo.”


Continuando a sorver a água do Yoga Integral temos a definição outorgada por Sri Aurobindo:

“Meditação é uma atividade puramente mental, ela interessa sómente ao ser mental…”
“…A pessoa pode se concentrar enquanto medita, mas esta é uma concentração mental; pode chegar a um silêncio, mas é um silêncio puramente mental, e as outras partes do ser são mantidas imóveis e inativas a modo de não perturbar a meditação…”

Sabemos, como o nome já nos diz, que o Yoga Integral visa à integração do Homem no seu aspecto do Todo. Corpo Físico, Corpo Mental, Corpo de Energia e Corpo Espiritual devem-se integrar neste Todo que é em essência o Ser Total ou o que Verdadeiro é.

“…conheci pessoas em minha vida cuja capacidade para meditação era notável, mas que quando não estavam em meditação, eram pessoas inteiramente comuns, às vezes gente de mau temperamento, que ficaria furiosa se sua meditação fosse perturbada. Pois eles tinham apenas aprendido a dominar a sua mente e não o resto do seu ser.” ( A Mãe,Mira Alfassa)

Em relação ao enunciado da Mãe podemos nos reportar ao autor Jack Korfield que no seu livro “Depois do Êxtase, Lave a Roupa Suja”, da Editora Cultrix onde relata várias experiências de mestres da Arte de Meditar que depois de perceberem seus samadhis, atingindo o Êxtase, voltaram a vida mundana em todas as suas situações, entrando em choque com seus discípulos, virando alvo da especulação pública.
Podemos então estabelecer que a diferença entre Meditar e Concentrar seria uma questão de objetivo. Enquanto concentrar em um só ponto pode acontecer com um lavrador que ara a terra focando sua atenção na enxada que provoca o sulco no solo visando plantar a semente que dará o sustento na próxima colheita e então ele vive “aquele momento presente”, enquanto um meditador na sua sala de meditação visa concentrar num só ponto mas percebendo as diferentes matizes de sua mente que ocorrem durante a sentada com a finalidade meditativa. Então o meditador tem um objetivo que o de parar, concentrar para depois meditar e lavrador para no seu objetivo o de efetivamente concentrar. Podemos dizer ele é a terra, a enxada, a semente numa perfeita integração. Podemos dizer que o meditador tem o objetivo de perceber-se o “Todo”, observando suas ondulações mentais e sensações corporais independente do foco como por exemplo: ao sentir uma sensação de coceira ele treina percebendo que esta coceira não é ele, não é dele, mas apenas uma percepção impermanente e ilusório fruto de sua projeção mental.

“Concentração, para o nosso Yoga significa que a consciência é fixada num particular estado (por exemplo paz) ou movimento (por exemplo, aspiração,vontade, entrar em contato com a Mãe, tomar o nome da Mãe); meditação é quando a mente está olhando para as coisas a fim de adquirir o conhecimento correto.” (Sri Aurobindo)

O que almejamos com este artigo não é concluir este assunto, mas sim levar a uma reflexão sobre o tema Meditação e Concentração. Enfatizamos que Meditação e Concentração são grandes possibilidades de levar o Amor e a Compaixão para as pessoas: o meditador na sua sentada oferece a sua meditação ao próximo e irradia o Amor em toda a sua possibilidade para toda a humanidade. Aquele que concentra oferece o fruto da sua concentração ao próximo, e que o trabalho e sua produção resultante deste concentrar atinja toda a humanidade numa prestação de serviço essencial para todos nós.

As citações de Sri Aurobindo, da Mãe (Mira Alfassa) e de Rolf Gelewnski foram extraídas da Revista Ananda de 1992, da Casa Sri Aurobindo, Belo Horizonte-MG cujo título é: “Concentração: seu valor na vida e no Yoga (porque e como concentrar-se)”

By Nello Baia Jr

Do Ego e dos Ásanas


Por Tereza Freire, que mora e pratica Yoga em São Paulo. Dirigiu com parceria com Daisy Rocha o documentário “Caminhos do Yoga” filmado em 2003.

http://caminhosdoyoga.blogspot.com/Foi preciso que eu pegasse uma conjuntivite que me obrigou a parar temporariamente com os ásanas para aprofundar a minha prática de meditação…

Praticar Ashtanga Vinyasa Yoga é paradoxal. Ao mesmo tempo que fortalece o corpo, e consequentemente o ego, a prática também te coloca no devido lugar quando o ego começa a soltar suas asinhas.

Afinal, praticamos Yoga para domesticar este pequeno monstro que habita em todos nós. Mais um paradoxo: é pequeno e é monstro… Pequeno, se pensarmos na imensidão do Ser, e monstro porque exerce um poder imensurável em nossas vidas.

É preciso tomar muito cuidado para a prática de Ashtanga Vinyasa Yoga não virar “Ashtego”. Ela parece ter sido sistematizada para nos testar. Quem pratica seriamente, seis dias por semana, inevitavelmente fica com um corpo forte, saudável e vigoroso.

Mas se este for o fim e não um meio para se chegar num outro patamar, invariavelmente a gente acaba se machucando, porque vai querer fazer ásanas cada vez mais complicados, pois o ego quer sempre mais…

Praticamos ásanas para atingirmos o estado de meditação. Na Índia, muitos praticantes já nem precisam de ásanas. Na sua cultura, as pessoas tem o costume de sentar no chão e não em cadeiras. Qualquer um senta em padmásana. No ocidente, crescemos em cadeiras, não temos o corpo preparado para meditar. Precisamos de ásanas.

É uma prática sedutora, que nos instiga a buscar a perfeição e a harmonia e nos desafia, por conter séries com graus de dificuldade diversos. Portanto, é preciso esforço e perseverança para avançar nas séries. Penso que para pessoas ativas e com dificuldade de manter a concentração e disciplina, pode ser uma prática indicada.

Tenho amigos que não se interessam pelo lado filosófico ou espiritual do Yoga e praticam Ashtanga Vinyasa Yoga todos os dias da semana. Gostam do fato de ser uma prática vigorosa e que produz bem estar e emagrece. E só. Pelo menos, é um começo, penso. Com o tempo, a pessoa verá que está desperdiçando o melhor que o Yoga pode oferecer, que é o auto conhecimento. Que o bem estar é só o começo de um caminho sem volta. E o contato com os professores e mestres abrirão as portas para esta viagem.

Mas descubro que muitas vezes a prática de Ashtanga Vinyasa Yoga acentua o narcisismo e torna-se um fim em si mesmo. Descontextualizamos sua origem, criamos métodos, enfeitamos com luzes, música e figurinos e o que deveria ser uma prática meditativa vira show de talentos. O bom ashtangi passa a ser o bom “ásaneiro”.

Falo com conhecimento de causa porque isso aconteceu comigo. Deslumbrei-me com a prática e desrespeitei meu corpo a ponto de pegar uma conjuntivite que me proibiu por duas semanas de fazer qualquer postura em que minha cabeça ficasse abaixo do coração. Tive que interromper a prática.

Descobri que tinha medo de meditar!!! Tinha me acostumado a fazer um mantra no começo, meditar em movimento, respirar nos ásanas e finalizar com mais um mantra.

Quando me peguei impossibilitada de sair de casa, resolvi encarar: meu corpo me dizia que precisava descansar. Não tinha como fugir da meditação.

Yogashchittavritti nirodhah.
[Yoga é a desidentificação com as flutuações do ego-mente]

Fechei os olhos e esperei… Vontade de me mexer, de cantar, de me alongar, de rezar, todos os pensamentos do mundo reunidos numa só mente. Fiz pranayamas, visualizações, usei todos os recursos que conhecia para acalmar os vrttis de minha chitta (flutuações do ego-mente).

Decidi só levantar quando acalmasse meu vrttis. Surgiu mais um: a dor nas costas. Cedi, levantei frustrada, mas com a sensação de ter tentado. Descobri que meditar exige tanta disciplina quanto praticar ásanas, ou quanto qualquer coisa que se quer fazer bem. Requer dedicação. No dia seguinte, tentei de novo, no outro também, e a cada dia sentia que o esforço trazia resultados.

Um dia, quando menos esperava, senti que tudo se encaixava, que eu me sentia plena, que naquele momento, não havia nada mais que eu desejasse, que eu poderia até morrer fisicamente porque tudo estava em paz.

Não sei quanto tempo durou, sei que voltei atraída por um som qualquer. Nem que tenha sido apenas um segundo, foi um dos mais intensos de toda minha vida. O vazio fez um eco no meu coração. Talvez isto seja chittavrtti nirodhah, a desidentificação com os conteúdos do ego e da mente.

Totalmente recuperada dos olhos, voltei a minha prática diária de Ashtanga Vinyasa Yoga. No entanto, de uma forma diferente. Mais generosa e tolerante com meus limites e, principalmente, com os limites dos outros. Precisei ficar doente dos olhos para conseguir enxergar com a alma…

Namastê!


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Tereza é yogini, mora e pratica em São Paulo. Dirigiu e produziu, em parceria com Daisy Rocha, o documentário Caminhos do Yoga, filmado na Índia em 2003.

Câncer de Mama x Psicossomática












Segundo a psicossomática enviesada pela psicanálise, o adoecimento físico está associado no indivíduo, à supressão de afetos e à evitação de conflitos por parte dos sujeitos que suprimem tais afetos; então, questões outras, como luto não elaborado ,empobrecimento de representações e da capacidade de associação de idéias contribuem para o desenvolvimento de doenças, como câncer de mama.
Na vida do sujeito, todos os acontecimentos geram excitações no organismo que precisam ser descarregadas e as vias responsáveis poe esse “descarregar” são a elaboração mental e os comportamentos motores- na medida que essas excitações não são escoadas, elas acumulam e vão atingir o físico do indivíduo, de forma patológica.
Essa questão está associada à falhas na mentalização devido a pobreza e falta de qualidade das representações existentes no pré-consciente de alguns sujeitos. E como se sabe, as representações são a base da vida mental pois são elas que são responsáveis pela associação de idéias, pensamentos e reflexão interior.
No que concerne ao fator genético do câncer de mama,ou seja, nas famílias que muitas mulheres de gerações diferentes desenvolvem essa doença, é percebido uma instância materna que ancoura os conflitos existentes e as excitações advindas destes, de dado grupo familiar. Assim, é como se em cada geração, permanecesse simbolicamente um corpo materno no qual se moldam os operadores da psiquê que permitem a circulação das pulsões.
E nesse corpo materno podemos nos remeter às sensações iniciais entre mãe e bebê que se estendem para as relações subjetivas entre os membros das família. Então, a família é como se fosse um espaço que simboliza todas as angústias, medos e demais representações de cada membro familiar, independente à geração; conseqüentemente, a "família” colabora na estruturação psíquica do sujeito pois é ela que vai influenciar o processo de subjetivação à partir da função materna e também vai ser um espaço de metabolização dos conflitos familiares; e devido a isso, desenvolve-se a herança familiar para dada doença, como por exemplo o câncer de mama entre as mulheres do mesmo núcleo familiar pertencentes à várias gerações. Além disso, como se sabe, o câncer de mama tem uma representatividade em relação ao exercício da maternidade e da sensualidade da mulher .

By Robertta Bezerra
CRP 11/04016

Bibliografia:

Liderau R., Oncogènes et pronostic des cancers mammaires, in Serin D. et coll. (Orgs) Cancer du sein. Définition du risque métastatique, Paris, Masson, 1987, pp. 41-44.
Liderau R. et all., Genetic Variability of Proto-oncogenes for Breast Cancer Risk, Biochimie, 1988, 70, pp. 951-959.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Alguém se identifica com esse trecho?



Um amigo está lendo um livro e me encaminhou o seguinte trecho:

"Apesar de não se encontrar perdidamente apaixonada por esse homem, ele era boa pessoa, e ela pensava que tal relação lhe iria trazer alguma estabilidade à sua vida. Mas a paixão numa relação não pode ser artificialmente criada. Pode existir respeito, pode existir compaixão, mas a química tem que surgir desde o início."

E assim, passei a refletir sobre algumas questões da vida....